Tivoli Avenida Liberdade apresenta exposição de tapeçarias de Esther Mahlangu

 Tivoli Avenida Liberdade apresenta exposição de tapeçarias de Esther Mahlangu

Até 30 de setembro, o lobby do Tivoli Avenida Liberdade, tem patente uma exposição com seis pinturas de Esther Mahlangu traduzidas em tapeçarias Dhurrie, com desenhos exclusivos da conceituada artista sul-africana. Um retrato vívido das tradições ancestrais da cultura Ndebele, que imortalizam o legado artístico de Esther Mahlangu.

Numa fusão única entre cultura e arte, nasce um novo projeto que une artes e ofícios de partes distantes do globo. Falamos de duas práticas do estatuto de Património Cultural Intangível da UNESCO: a arte Ndebele de pintura de mural e a tecelagem indiana conhecida como Dhurrie.

Este encontro multicultural tem sido facilitado por Alexandra de Cadaval, enquanto iniciativa dos seus projetos artísticos.

O resultado são tapeçarias inspiradas pelo trabalho da artista sul-africana Esther Mahlangu, que dá nome a este projeto. As tapeçarias têm as cores vibrantes e os desenhos geométricos que Mahlangu tem vindo a pintar na região de Ndebele e um pouco por todo o mundo.

O encontro cultural dá-se através da técnica de tecelagem indiana Dhurrie. Passadas ao longo de gerações, cada tapeçaria Dhurrie é cuidadosamente tecida à mão por artesãos habilidosos. Os seus aspetos geracionais e ornamentais refletem os da pintura Ndebele, proporcionando um parceiro lógico para este projeto. “A Esther é altamente geométrica, e como eu queria conseguir essa perfeição num trabalho de tapeçaria, a técnica Dhurrie foi a que me permitiu um interessante cruzamento entre estas duas artes,” comenta Alexandra.

O projeto é batizado com o nome Esther Mahlangu e resulta numa série de 10 pinturas, escolhidas por Esther e por Alexandra; alguns destes desenhos são já existentes, outros são novidades.

“Não queria um produto altamente sofisticado. Queria que a mensagem fosse crua, que fosse um trabalho tribal dos dois lados que têm a mesma preocupação. São tradições centenárias que são transmitidas oralmente e que estão cada vez mais a ser menos vistas e que precisam de ser preservadas”, remata Alexandra.

Sobre Esther Mahlangu

Esther Mahlangu (1935) é uma artista sul-africana que pertence à comunidade Ndebele de Gauteng. É pioneira em colocar as cores e formas da arte Ndebele de pintura de mural em telas, que até então eram exclusivas dos murais das casas da comunidade. Desenha à mão livre, sem medições ou esboços, e as cores fortes são a sua assinatura. A sua arte é demarcada pelo estilo original da sua tribo – onde faz parte da família real da comunidade de Ndebele.

Em 1989, aos 55 anos, foi a primeira mulher da sua tribo a cruzar o oceano e a levar a sua arte a um público mais vasto, mostrando também as suas convenções. Isto foi possível graças a André Magnin, o curador responsável pela exposição Magiciens de la Terre, que a escolheu para integrar esta exposição no Centre Georges Pompidou, que atualmente é considerada uma mostra que revolucionou o mundo da arte. Depois de ter o seu trabalho exposto, recebeu propostas de trabalhos para museus e outros edifícios públicos como Civic Theater de Johannesburgo e ainda para a BMW.

Uma das grandes preocupações da artista é que a sua arte e cultura desapareçam. Tem o grande sonho de criar uma escola para que a arte de Ndebele não caía no esquecimento.

 Sobre Alexandra De Cadaval

Formada em Indústrias Culturais e codiretora do Sacred Spirit Festival, Alexandra de Cadaval possui uma vasta experiência internacional nas artes e produção artística, tendo trabalhado com artistas tradicionais, contemporâneos e populações desfavorecidas.

À frente da restauração Palácio de Cadaval, em Évora, exibe anualmente exposições temporárias de artistas de renome. Em 2018, apresentou a maior exposição de arte contemporânea africana em Portugal, com três meses de programação musical. Em 2022, reabriu as portas do Palácio com uma importante exposição de arte contemporânea em homenagem ao Reino de Marrocos, em parceira com a Fondation Pierre Bergé–Yves Saint Laurent. Este ano, comissionou a Pierre Passebon uma exposição de cerâmica contemporânea e, em estreita colaboração com Passebon, juntou 35 artistas que fazem da cerâmica a sua paixão. Obrigado à Terra vai estar patente até dezembro de 2023.

Alexandra tem uma verdadeira paixão pelas artes, encontrando a sua joie de vivre tanto no mundo rural como no urbano, seja através de fontes tradicionais ou contemporâneas.