Quem foi António de Medeiros e Almeida

   Quem foi António de Medeiros e Almeida

 

 

 

 

António de Medeiros e Almeida

Medeiros e Almeida nasce a 17 de setembro de 1895 em Lisboa, onde o seu pai, João Silvestre d’Al­meida, exerce medicina. O desafogado ambiente fa­miliar, com um círculo próximo que inclui artistas como Veloso Salgado ou o arquiteto Miguel Ventura Terra, proporciona-lhe desde cedo uma educação com uma forte componente cultural e artística.

Após terminar o liceu, e seguindo as pisadas paternas, An­tónio de Medeiros e Almeida matricula-se em Medicina, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra. Porém, com o curso praticamente concluído, desiste e viaja para Berlim decidido a desenvolver o seu espírito empreendedor no mundo dos negócios.

Após o seu regresso a Lisboa, casa em 23 de junho de 1924 com Margarida Pinto Basto, descendente por lado materno dos Condes de Pombeiro e do lado paterno da família proprietária da Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre. O casal parte para a lua de mel ao volante de um carro de corridas, evidenciando a paixão de António por automóveis.

É precisamente o seu gosto por automóveis que dá lugar ao primeiro projeto profissional de Medeiros e Almeida como importador, para Portugal, das marcas Morris, Wolseley, Riley e MG, e à abertura de um stand de au­tomóveis na rua da Escola Politécnica, em Lisboa, o «A. M. ALMEIDA».

Pioneiro também no campo da aeronáutica comercial, adquire em 1948 a totalidade do capital social de uma das primeiras companhias aéreas portuguesas de transporte regular, a Aero Portuguesa, que posteriormente funde na TAP – Transportes Aéreos Portugueses, e é um dos fundadores da SATA – Sociedade Açoreana de Transportes Aéreos.

Em paralelo, mantem diversas atividades comerciais nos Açores, de onde eram naturais seus pais. Algumas dessas atividades incluem a participação na União das Fábricas Açorianas de Álcool (UFAA), que teve um impacto significativo nas indústrias açorinas do álcool industrial e do açúcar produzidos a partir da beterraba-sacarina, e na Sociedade de Indústrias Agrícolas Açorianas (SINAGA), que funda em 1967 e onde se mantêm como presidente do Conselho de Administração até à morte.

As relações de amizade e profissionais entre a família Medeiros e Almeida e a família Bensaúde, também de origem açoriana, levam a que, ante a ameaça de uma invasão alemã, Vasco Elias Bensaúde, de origem judaica, ofereça sociedade ao empresário em 1941, transferindo temporariamente a totalidade das empresas familiares ao seu nome. A participação é inteiramente restituída à família Bensaúde no final da Segunda Guerra Mundial.

António de Medeiros e Almeida destaca ainda noutras áreas como os têxteis, com a Companhia Nacional de Fiação de Torres Novas, ou a hotelaria, com a sua participação na construção do Hotel Ritz, em Lisboa, e do Hotel Alvor, no Algarve.

O seu profundo sentido de justiça, o leva a envolver-se em diversas causas sociais, como o apoio à fundação da Universidade Católica, à Colónia Balnear Infantil O Século” e à criação da Fundação Salazar, que tinha como objetivo construir habitação social.

Tanto a sua atividade empresarial como benemérita é amplamente reconhecida com diversas ordens honoríficas nacionais e internacionais, destacando-se a condecoração oferecida pelo rei Jorge VI de Inglaterra pelo seu papel durante a Segunda Guerra Mundial quando, em nome particular, Medeiros e Almeida presta assistência às Forças Aliadas através das empresas que gere nos Açores.

 

O Museu Medeiros e Almeida

O acervo do atual Museu Medeiros e Almeida – que inclui mobiliário, pintura, escultura, têxteis, ourivesaria, cerâmica, arte sacra, joalharia, relógios, …, num arco temporal que abrange do século II a.C. ao século XX – foi sendo constituído ao longo dos anos, crescendo em paralelo a uma bem-sucedida atividade profissional e fruto de uma educação e uma vivência requintadas. Como o próprio Medeiros e Almeida escreveu: «Des­de os meus vinte anos, isto é, desde 1915, come­cei a interessar-me por antiguidades, que passei a adquirir a partir dos meus 30 anos e quando as minhas posses o permitiam. Esse interesse foi-se desenvolvendo com intensidade e a pouco e pou­co fui colecionando peças raras de valor artístico e histórico»

No período após a Segunda Guerra Mundial, com um mercado de arte rico em oportunidades, o colecionador, com uma sólida capacidade financeira e ainda um gosto e um conhecimento mais apurados, passa a adquirir nas melhores casas de antiguidades e leiloeiras da Europa. Em finais dos anos 60, consciente do importante espólio que tinha reunido e não tendo tido descendência, Medeiros e Almeida procura uma solução que não disperse a coleção e idealiza a transformação da sua casa num museu onde esta possa ser integrada. A partir de então, as compras sucederam-se, em grande ritmo, até à sua morte, em 1986.

O Museu Medeiros e Almeida expõe a coleção que o colecionador reuniu durante cerca de meio século, um vasto e importante conjunto de obras de arte, de relevância internacional, cujas tipologias se inserem no campo temático das chamadas artes decorativas. Inaugurado a 1 de junho de 2001, o museu abre as suas portas ao público cumprindo assim os desígnios do seu fundador: “realizar o meu sonho que é deixar ao meu País o produto de uma longa vida de trabalho intenso”.

Museu Medeiros e Almeida

Rua Rosa Araújo, 41. 1250-194 Lisboa

Aberto de 2ª-feira a sábado, de 10h a 17h

https://www.museumedeirosealmeida.pt/

 



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