Descubra o Teatro Variedades

Descubra o Teatro Variedades

O Teatro Variedades é uma das mais emblemáticas salas de espetáculos da cidade e a segunda a ter sido construída no Parque Mayer – recinto de natureza cultural e recreativa com carrosséis, figuras de cera, barracas de pim pam pum e tiro ao alvo, tascas, animatógrafos e saltimbancos. Fundado em 1922 por Luís Galhardo, no local onde antes se situavam os jardins do Palácio Lima Mayer (atual Consulado de Espanha em Lisboa) –, este espaço de boémia marcou profundamente a vida cultural e social da cidade.

Inaugurado a 8 de julho de 1926, a programação do Teatro Variedades ia ao encontro de uma das grandes preferências do público lisboeta na primeira metade do século passado: o teatro musicado, apresentando sobretudo teatro de revista, mas também comédias, farsas, zarzuelas ou operetas. Teve como espetáculo de abertura Pó de Arroz, assinado pelos “Troianos” – pseudónimo de uma parceria composta por Ernesto Rodrigues e Luís Galhardo, entre outros –, e como principais atrações o ator Vasco Santana e Augusto Costa (Costinha), como compère.

Até à década de 1960, o Teatro Variedades manteve uma produção regular e intensa. Aqui foram apresentados alguns dos maiores sucessos do Parque Mayer, com grandes elencos onde se destacaram nomes como Beatriz Costa, António Silva, Irene Isidro, Palmira Bastos, Maria Matos, Hermínia Silva, Mirita Casimiro e Eunice Muñoz.

Após sofrer um incêndio em 1966, o edifício foi recuperado e voltou a abrir, já com uma cadência progressivamente menor de espetáculos, tendo ainda sido palco da revista Ó pá, pega na vassoura, de 1974 — a primeira escrita sem censura depois da Revolução dos Cravos —, em que o autor José Viana apresentou um texto de forte carga política, destacando os intervenientes do 25 de Abril.

Antes de ser desativado, na década de 1990 recebeu ainda as gravações do programa da RTP1 Grande Noite, de Filipe La Féria, e um dos espetáculos do Festival dos Cem Dias, que antecedeu a Expo ’98, apresentado pelos Artistas Unidos.

Em outubro de 2024, o teatro reabriu portas à cidade, agora dotado de novas estruturas funcionais, adequadas às necessidades dos espetáculos dos dias de hoje. O projeto de reabilitação renovou o edifício mantendo algumas âncoras da sua identidade histórica, nomeadamente o pórtico da fachada, o guarda vento de madeira e vidro da entrada, o formato da sala principal e o palco.

Gerido pela Lisboa Cultura, o novo Teatro Variedades é agora uma sala de espetáculos moderna e sofisticada, que acolhe projetos artísticos diversificados numa programação regular e dinâmica. Aberto a todo o tipo de artistas e de públicos, o espaço inclui hoje também um confortável lounge e uma cafetaria, que convidam à permanência no teatro e funcionam como ponto de encontro dos públicos do Teatro Maria Vitória e do Capitólio, contribuindo para o pulsar da vida cultural do centro da cidade.